segunda-feira, 29 de junho de 2015

Tic-Tac

O tempo passa e tudo o que fica são memórias. Memórias dos dias que pareciam não ter fim, onde as horas representavam mais do que a eternidade do momento ou a pressa de voltar a casa.
Perdidos no tempo não dávamos conta, nunca demos, e sempre o louvá-mos de não saber onde estão os ponteiros do relógio. Porquê contar os dias que faltam, quando esses dias não são dias. Quando essas horas não são mais que lágrimas que te vão escorrendo no rosto.
Os teus olhos nos meus, cruzam o sabor salgado do oceano com a doçura da avelã, mas esse sabor de gelado só nós o conhecemos, só nós o provámos.

Deixa que o tempo passe, de que vale guardá-lo? De que vale deixá-lo preso a ti? Traz-te mais felicidade, mais momentos eternos? Ou serão esses dias, a escorregar-te pelos dedos das mãos, que te trarão a eternidade?
Trazes contigo os livros da escola e eu comigo um caderno de rascunhos, quem me dera saber desenhar, mas tudo o que sei esboço com palavras, com linhas e traços. Nada me pareço bem, nada me parece concreto. Tudo parece vazio e tudo parece silencioso.
Deixa que o tempo passe, talvez ele te traga fotografias ou folhas de jornal onde, também tu, um dia, vais escrever. Esse jornais que agora não passam de cultura e de interesse, talvez um dia tragam o teu nome desenhado, com os traços e as linhas que só tu sabes aplicar.
Deixa que o tempo passe, mas não o deixes correr. Não deixes que ele te faça tropeçar nas barreiras ou te engane na partida para os 200 metros de velocidade.
Deixa que o tempo passe e te suspire ao ouvi, as tuas, as vossas histórias. Só ele sabe quando, só ele sabe como e não te diz para que não queiras correr tu à frente dele, para que não sejas tu a ser desqualificado da prova por falsa partida.
Deixa que o tempo passe, um dia vais agradecer-lhe.

Rita Flores

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