sábado, 21 de janeiro de 2017

Até um dia, estou de regresso a casa

Nos momentos de grande prazer e pura liberdade de um sorriso é a ausência que nos atropela, que nos faz sentir distantes e desconectados. São momentos como estes em que montamos um sorriso como se de uma máscara se tratasse, como se fizesse de nós aquilo que não somos, aquilo que não sentimos.
Depois de alguns dias de puro descanso na cidade que se tornou a minha primeira casa, uma casa que não aquela onde vivo com a minha família, saio com a certeza de que aqui vou regressar, um dia. Tenho dois sonhos em dois copos, não apenas meus, mas com quem os partilhei e de quem sinto a existência de uma distância.
Nunca ninguém sabe os desafios que se aproximam, nem como agir perante os momentos. Sabes as ruas todas da cidade, mas não te conheces a ti mesma. Conheces todos os edifícios em redor e do barulho que dele surge, mas tudo o que ouves da varanda é o silêncio do interior do teu corpo, da tua mente.
Fechas os olhos e imaginas o porquê. Queres ser independente, mas já não consegues partir, não consegues nem queres regressar sem o teu plano, quando tu és o seu sonho. Queres crescer como mulher e ser determinada, mas nada faz de ti mais feliz do que estar acompanhada.
Para onde vais? - pensas tu. Para onde queres ir? - dizes em segredo para ti mesma. Chega de pensamentos. Enterra a cabeça na areia e a mente no mar, fecha os olhos e aproveita o momento. Vive o teu dia com as certezas que já tens, mas vive com a certeza de que são tuas e apenas tuas.
Este ato solitário não te torna egoísta, torna-te espontânea, torna-te segura de ti mesmo. Na tua esfera mandas tu!

Nos momentos de encontro
Ele procura por ela no mesmo jardim.
Ela espera por ele no banco mais escondido,
Como se fosse segredo.

Não andam de mão dada,
Nem trocam olhares pelas ruas.
Mesmo que a sala seja a mesma,
Os encontros ficaram naquele banco do jardim.

Lá longe ela tanto o desejou,
Mas ele nunca com ela agendou.
Contou os passos desde o banco até à porta,
Desde a porta pelo mundo.

Não trocaram nos seus lábios,
Nem entrelaçaram os seus dedos.
Naquela noite de encontro,
Ficou o tempo por agendar.


Até um dia, estou de regresso a casa.

domingo, 15 de janeiro de 2017

À "última"

Mais um dia de estudo, de intenso mover dos membro inferiores entre a cama, a cozinha e a mesa da sala. Estamos entre duas a três pessoas no mesmo espaço e energia que se gasta expressa-se num único orgão do corpo. Pelo menos penso eu, que não estudei nem anatomia, nem tenho qualquer conhecimento na área.
Como momento de puro descanso decidi alterar os movimentos e caminha até ao mar. Não faço ideia se estava frio, mas pela quantidade de indivíduos em pranchas e velas posso intuir que só mesmo de fato. Cá eu, fui de cachecol e luvas. Sem qualquer combinação de tons ou estilos caminho por uma cidade que me continua a ter como desconhecida.
Aqui, no bairro onde vivo, ninguém se parece conhecer, mas o cumprimento, seja que hora for, faz parte da boa educação. Assim como o olhar de estranheza quando se ouve o idioma português. É verdade, eles não nos compreendem, muitas vezes, nem nós a eles, mas aquele sentimento de vizinhança é bastante notório e alinhado no pensamento e no olhar de cada um.
Durante quase 5 meses vivi numa das melhores cidades da Europa que até hoje visitei. É verdade que acordo com o meu mapa do mundo só ainda conheci cerca de 4% do mundo e, por isso, qualquer lista que tente fazer será sempre pouco fundamentada e consistente.
Contudo, muitos são aqueles que aqui chegam pela primeira vez e se encantam com a cidade. A todos eles agradeço ainda o poder de inflacionar qualquer preço, mas também qual a culpa dos indivíduo quando o modelo da sociedade se baseia no consumo constante de algo que nem sempre é necessário?
Não digo que as recordações ou a pequena prenda para a prima da tia mais velha, que tem a nossa idade e que até gostava de viajar até algures, não seja importante, é de facto um modo de viajar, mas eu prefiro postais. Se um dia for eu a prima da tia mais velha escrevam-me tudo aquilo que sentiram. Na verdade, se pudesse, era incrível receber postais de estranhos, que contam histórias e transportam experiências que nenhum de nós seria capaz de transmitir. Afinal, somos seres únicos, nem que seja pela carga genética que transportamos. Porém, nisso, também não sou especialista.

Depois da divagação do pensamento, tal como no caminho pela praia, senti que não importa a cidade em que estamos. Não importa o quanto é valorizada uma cidade ou o âmbito profissional que esta nos proporciona.
A tal frase do "as pessoas são quem fazem o lugar" é neste momento a maior das verdades. Profissionalmente sinto que saio de Barcelona com a maior das bagagens. Excedo o número de malas e Kg que uma mala pode transportar no avião. A nível individual também, mas há esferas da vida que não crescem isoladas ou distanciadas da mesma categoria de esferas da família, dos amigos ou daquele que faz palpitar o nosso coração.
Qualquer cidade é incrível pelo modo como tu te entregas nela e a ela, mas quem faz dela um lugar incrível são aqueles que aquecem os nossos corações.
Por tudo isto, não vivi sozinha, não andei de metro sozinha e, muitas vezes, não dormi sozinha. A essas pessoas agradeço o coração, que vinha quente de casa e era aquecido de um modo mais virtual e de fidelidade, manter-se quente no número de dias que por aqui vivi.
A elas um brinde, porque afinal de contas uma experiência internacional não é apenas trabalho, é também louça suja, roupa por lavar e uma casa por limpar.

À nossa última semana pela cidade de Barcelona.



segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Como foi o teu dia?

Nos momentos de encontro,
Sonho em ter-te só para mim.
No sofá, junto à lareira sinto os meus pés,
Quentes de um calor que tu me dás.

O conforto de um colo eterno que nos preenche.
O dia terminou e aqui estamos nós.
No silêncio de mais um dia que ainda agora começou.

Começou porque te encontrei,
Quis-te beijar como se da madrugada se tratasse,
Como se pela primeira vez, hoje, te encontrasse.

Como estás, meu amor?
Como foi o teu dia?