terça-feira, 27 de maio de 2014

"Talvez Voando!"

"Se Deus é maneta e fez o universo, este homem sem mão pode atar a vela e o arame que hão-de voar"

Foi com esta frase que hoje terminei a minha aula de Português e por mais estranho que vos possa parecer, pelo caminho até casa questionei-me sobre o seu verdadeiro significado. 
De acordo com a interpretação da obra "Memorial do Convento" de José Saramago, obra da qual retirei esta frase, servia como o aceitar do desafio, do Padre Bartolomeu a Baltasar, de o ajudar na construção da Passarola. 

Contudo, afinal porque é que a limitação física de Bartolomeu o havia de impedir de ajudar?
Todos nós temos limitações, umas maiores, outras mais pequenas. Porém, certamente vivemos para as conseguirmos ultrapassar e é por isso mesmo que somos desafiados a cada dia.
Será esse o grande sentido da vida ? 

De certo modo, a vida seria bem mais fácil e com menos alguma tristeza, se não houvesse pedras pelo caminhos, mas então que felicidade obterias? Não é do desafio constante, que a vida te dá, que prossegues a busca pela felicidade

Neste caso, a construção da passarola, uma máquina de voar graças às vontades de todos e de cada um, representa o desafio de Baltasar. E se ele não tinha uma mão, haveria de saber como lutar sem ela. 
Neste tempo em que (finalmente ou não) recebemos o mail com a senha para a candidatura à faculdade, pensamos naquilo que verdadeiramente
queremos. Não penses no que a tua família quer, ou naquilo para onde os teus amigos vão. Posso falar já com alguma experiência, que os verdadeiros amigos ficam, e muitos outros virão. 
Ir estudar para fora seria um sonho, sonho esse que por agora fica num frasquinho. Não tenciono não o abrir, apenas o guardo só para mim por mais uns tempos.
Fico na minha cidade, cidade das tradições e da saudade, daquilo que foi, daquilo que é, e daquilo que será. Irei aceitar os desafios, talvez como dirão alguns no "conforto da casa dos meus pais", mas o desafio não é só aquilo que encontras pelo caminho, mas também aquilo que procuras.

"José Pequeno esfregou o queixo, áspero da barba, e perguntou, Como é que um boieiro se faz Homem,e Manuel Milho respondeu, Não sei. Sete-Sóis atirou o calhau para a fogueira e disse, Talvez Voando."

A. Rita Flores

terça-feira, 20 de maio de 2014

Escolhas e Limites

É mesmo estranho como as perguntas que vamos fazendo mudam dia a dia. Passamos do "O que queres ser quando fores grande?" para o "Que curso gostarias de candidatar?". 
Certamente, que os pequenos grandes leitores assíduos do blog já sentem cansados por me "ver" escrever tanto sobre a faculdade, o curso, a cidade... as escolhas. Porém, se ainda não passaram por lá tenho a certeza de que também se irão questionar tanto ou mais que eu, mas se já passaram por essa fase ver-me-ão como uma contadora de sonhos desta geração.  

Dei por mim a questionar alguns amigos sobre as suas decisões, talvez pela minha característica natural do gosto pela interrogação, ou meramente para descontrair um pouco dos estudos para os exames finais. 
Numa dessas perguntas que fiz acabei por ter uma excelente conversa que realmente me fez pensar e me levou a escrever.  

Ir para uma cidade diferente, sair do conforto da nossa casa, mudar de rotina, manter os verdadeiros amigos e criar novos laços. Viver novas experiências, cometer algumas loucuras, amar e ser amada, estudar... isso tem o seu tempo e nada é relativo.

É bem verdade que o escutismo, a natação, o futebol, os grupos de jovens, a arte... as actividades que nos fazem crescer interiormente, não nos "põem o pão na mesa". Contudo, será que não são essas as grandes responsáveis pelo sorriso de partilhamos? Não serão elas que nos fazem pensar, seguir os nossos sonhos, ambicionar cada vez mais e tornar-mo-nos pessoas melhor? Não procuramos nós portas para abrir e através delas encontramos caminhos pronto a ser trilhados?  

O usar meia branca não tem de significar mantê-la limpa e branquinha até ao fim do dia, muito pelo contrário. Mais felizes são eles que se divertem a deixá-la bem suja num dia de chuva para mostrar aos "crescidos" que grandes, são os pequenos momentos. 
O usar meia azul não tem de significar esconder aquilo que menos gostamos em nós, muito pelo contrário. Mais felizes são aqueles que se divertem a usar cores no cimo delas para que a cada dia mostrem aos "crescidos" que grandes, torna-mo-nos quando aprendemos com os nossos erros.

Fazer escolhas é como resolver limites a matemática.  Não são os mais fáceis que nos desafiam, mas sim aqueles que resultam numa indeterminação.
Nem sempre gostamos, é verdade, mas temos um objectivo.  
Nem sempre temos certezas, mas queremos atingi-lo.  
Nem sempre conseguimos, mas sempre tentaremos.  

Obrigada Matemática...