quinta-feira, 11 de junho de 2015

"Quero ter a sorte de um cartoon"

Tudo parece tão mais fácil nos livros, tudo parece tão mais perfeito e "lindo" nas letras das músicas que repetidamente tocam na rádio.
Tudo parece tão mais desejado nos desenhos animados ou nos romances que os outros me contam.

Naquilo que me contam o tempo parece não ter fim, parece não haver horários a cumprir, exames para os quais estudar, grupos que ensaiam ou reuniões nas quais temos de estar presentes.
Nas histórias que me contam a distância era maior, talvez a lágrima mais constante, mas o que eram eles se não a plenitude da confiança e do amor?
Nas histórias deles não havia telemóvel, tudo era mais paciente, mais directo e mais trapalhão, por vezes, mas, havia tempo!
Havia tempo para si, para o outro e para eles.
Havia tempo para se conhecerem devagar e junto à praia.
Havia tempo para mais um sorriso ou mais um post-scriptum numa carta.
Se havia tempo? Não esse era escasso, mas o que é o tempo se não um bocadinho de barro que cada um molda, ajuda e é ajudado a moldar?

Ai o tempo... quem nos dera a nós poder falar do tempo sem que o sentisse-mos escorrer pelos dedos das mãos.
Vivemos na época do imediato: os nossos corações aceleram quando não recebemos logo uma mensagem de resposta, ficamos logo assustados quando nos deparamos com o imprevisível.
Não somos exigentes com o nosso cumprimento de horas, mas, então, o que pedimos dos outros? Que o avião parta exactamente na hora que o bilhete anunciava? Que nos respondam a toda a hora onde estão ou o que fazem?
Que mais poderemos exigir do que aquilo que, também nós, somos capazes?

Não fiquemos pelo contentamento, não exige-mos o impossível ou o utópico.
Exige-mos o sonho!
"Recordemo-nos sempre de que sonhar é procurarmo-nos"

1 comentário:

  1. Arrisco-me, com tristeza, a dizer que foi a sociedade que roubou de nós o tempo que ainda vemos nos livros que deliciosamente lemos. Foi a evolução (ou será des-evolução?) que nos trouxe até aqui, que nos trouxe a estes dias apressados em que a vida, o amor, a confiança, nos escapam por também eles terem os seus compromissos inadiáveis. Mas sabes que mais? Há sempre tempo para mais. Há sempre tempo para fazer as coisas como desejamos, no tempo que desejamos. Porque esse malvado, o tempo, moldamo-lo nós. E tu também sabes disso :)

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