terça-feira, 27 de outubro de 2015

Quotidiano pelo mundo #3 - Pelo sonho é que fui

O verão já lá vai longe (parece-nos), porém só este domingo dei por terminada a grande aventura que foi o Explorer Belt. Uma atividade vivida em autonomia, durante 10 dias onde percorremos cerca de 160 km por terras Eslovacas. Recebemos o "cinto".

Muito poderia escrever sobre o seu conceito e modelo, todavia os interessados, certamente, um dia questionarão ou já o questionaram, afinal, há histórias que merecem ser ouvidas e não lidas.
Foram 10 dias em que aprendi a (con)viver com a saudade e com a distância.
Chegada de um outro projeto de verão o tempo de descanso, tanto físico como psicológico foi inexistente. Não houve tempo para curar o joelho magoado, deixar a roupa lavada e arrumada, ou comer mais um prato de sopa quente. Porém houve tempo para deixar mais um postal, para deixar mais uma mensagem de saudade, um abraço e um beijo que queriam tanto ficar por dar, mas que foram entregues na (tua) caixa de correio na cidade de Coimbra.
Partir não foi de todo fácil, mas tornou a volta no momento mais desejado e mais reconfortante.
Foram 10 dias em que aprendi o que realmente é essencial carregar na mochila, o número de km de terei de andar para que a dor se torne suportável ou as lágrimas que têm de cair para que se aguente mais um pouco aquele sentimento de falta.
Uma atividade em que aprendi muito sobre mim mesma, sobre as minhas capacidades, resistências, medos e forças. Costumava dizer que não partia em busca de quebrar limites ou barreiras, queria apenas vivê-la segundo um determinado nível de conforto, no seguimento de um desafio, mas não do risco. Acreditem quando vos digo que foi completamente o contrário. Calma! Nunca passei fome, nunca deixei de me sentir bem comigo mesmo ou confortável com o meu próprio corpo e mente.
Senti-me forte!
Senti-me corajosa!
Senti-me mulher! Dona de si mesma.
Muitas foram as histórias que fui contando ao vento e ao meu c(a)minheiro de caminho, afinal a "felicidade só é verdadeira quando partilhada". Não se caminha sozinha, neste modelo de atividade, antes pelo contrário, todos os rosto com que fui cruzando caminho e que o tornam mais agradável fizeram de todo este projeto num crescimento ainda maior.
O ver lá fora o que é de cá de dentro!
(Tal como escrevi no meu relatório individual)
Por vezes precisamos que alguém nos relembre que temos uma candidatura para entregar ou o projeto não se concretiza. (A tua família)
Por vezes precisamos que alguém nos desafie a viver um verão inquieto e longe daquele que dizemos amar (e que ganhamos certezas). (A tua "alma inquieta")
Por vezes precisamos de caminhar com alguém ao nosso lado e culpá-lo das más decisões que tomamos em equipa, porque é sempre tudo mais fácil quando conversado. (O teu companheiro de equipa)
Por vezes, precisamos de sentir a fé dos outros para acreditar que sentimos nossa e que com ela ganhamos forças para continuar. (A tua força)
Por vezes, precisamos de fazer tudo isto para sentirmos que estamos realmente a caminhar em direção ao Homem Novo. (O teu sonho)

No mês de Dezembro de 2014, época em que tornei o Explorer Belt no meu desafio seguinte, citava João Garcia - "todos nós temos um Everest que queremos alcançar" - por isso, a pergunta que faço a mim mesma é "qual será o próximo a ser alcançado?"







                                   














sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Coimbra a cidade...

Muitas são as letras das músicas sobre a hora da partida, sobre o momento da despedida, em que "se aprende a dizer saudade".
Mas então e o momento da chegada? O momento daqueles que regressam?
Coimbra, talvez se esteja a tornar, cada vez mais, numa cidade de passagem. Numa cidade em que chegam todos os anos novos estudantes desejosos de conhecer a beleza da cidade, o encanto do rio e o esplendor dos laços de amizade e amor que por aqui se criam.
Todavia, muitos são, também, aqueles que sempre aqui moraram. Muitos são aqueles que agora conhecem, com um outro olhar, a cidade onde sempre cresceram e continuam a crescer.
O desejo de viver tudo isto é o mesmo (ou se calhar um bocadinho maior), pois vêm sempre no horizonte o tão desejado "começo", até que um dia chegue a sua vez.
Quando chega a sexta-feira muitos são os autocarros que enchem. Desde malas, a sacos de viagem; de lancheiras, a grandes sacos térmicos, onde o reino do tupperware agradece à mamã, que refeições salvou do cansado e da preguiça.
Sobre isso (ainda) não sei como escrever, visto ter o privilégio de viver na casa onde sempre vivi, ao lado daqueles que tanto trabalham para me poder proporcionar toda esta jornada e, acima de tudo, me amam.
Contudo, há algo que começo a escrever sobre... Coimbra a cidade das chegadas.
Aquele momento em que se enchem os autocarros, mas de quem está de regresso, de quem vem passar o fim de semana à sua cidade, que acolhe agora outros estudantes.
Agora, também eu, espero por essa chegada, por esse retornar a casa. Afinal o melhor de sair é saber que "há sempre alguém que espera por nós".
Coimbra tornou-se na cidade de quem sai, mas principalmente de quem regressa. Porque no coração de quem aqui vivi (e sempre esta será a sua casa) reside o verdadeiro valor da saudade, o verdadeiro "Mondego a correr nas nossas veias", o sonho, a graça, o beijinho que ficou por dar e que aquele que aqui espera para ser entregue.
Quem por aqui passa aprende a esperar, aprende a sentir saudade e a dizer, que esta, traz tantas certezas, como vontades de acreditar naquilo que o futuro (nos) reserva.

"Dá-me tempo de acertar nossas distâncias"