sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ondas do mar

Os meus pensamentos são como as ondas do mar, vão e vêm. Às vezes deixam rastos de sal, sal esse que espalhado pelo areal deixa marcas de uma passagem.

Em criança muitas vezes tentei caminhar no areal sem deixar uma pegada, ou aproveitar as pegadas já deixadas para caminhar por cima. Com grande frustração nunca consegui!  Na minha pequena mente científica, por estar sujeita a uma força que não me permite andar sem deixar marca. Contudo, na minha grande mente poética diria que todos temos uma pegada a deixar, seja no areal da praia, seja num campo de relva, ou simplesmente na estrada em que os carros passam provenientes da vida agitada que levam.
Quando estou perto do mar gosto de ver e ouvir o rebentar das ondas, de ver até onde a luz do farol alcança ou quantas estrelas posso contar pelo anoitecer. Pelo menos junto ao mar, não há ruído, apenas as vozes das sereias que nos cantam canções de embalar, e nos contam histórias de aventuras sobre cavalos-marinhos e estrelas-do-mar.

Pensava que era em terra que um homem se encontrava, se sentia realizado e pronto a encarar cada desafio. Mas então porque tão grande parte do nosso planeta é constituída por água, se esta não existe para fazer do homem um ser melhor? Não consigo ainda compreender bem aquilo que o mar tem para me dar, nem mesmo aquilo que ele me quer dizer. Quando era mais nova, nos dias de verão passados no Algarve, em família, gostava de ficar até ao por do sol junto ao mar, cantava para ele e falava-lhe sobre mim. Se ele me respondia ou não, não tenho bem a certeza, mas das minhas pequenas dúvidas de criança saí com decisões tomadas e prontas a serem realizadas.

Hoje em dia perdi grande parte do contacto que tinha com o mar, deixei de falar com ele, passei a ser como via as mães: passar o dia estendido na toalha embalada nas palavras dos grandes heróis da literatura. Tenho tanto que gostava de te contar. Gostava de te mostrar o quanto cresci, mas como lá no fundo continuo a ser a criança que brincava com os baldes e com as conchas até que os pais a chamassem para que também eles pudessem descansar.

Então e tu mar? O que tens para me contar?

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