quarta-feira, 2 de novembro de 2016

57 dias de mim

São mil histórias e momentos que estão por escrever e por guardar, mas até aqui era difícil registá-los numa plataforma que não o meu pensamento. São mil e um sorrisos acompanhados de mais mil e duas lágrimas.
Nada foi em vão, nem nada será. Nada fica esquecido, nem apagado porque tudo faz parte desta jornada.
Num programa de mobilidade encontramo-nos connosco mesmo. Aprendemos a lidar com a dor da saudade e com a força da mesma.
Manter a mente ocupada foi a grande lição que me ensinaram, não aqui, mas de alguém que sabe e sente o mesmo. Manter o tempo ocupado e a mente distraída. Não esquecemos quem veio também connosco, ou que partiu em busca de si mesmo, mas numa outra cidade.

Deixaram de ser 111 km para ser quase 1200.

"Mas isso não é nada, estás tão perto!" - diz o cérebro ao corpo
"E alguém te perguntou se era um número que importava?" - questiona o coração à mente
"Desliga e conecta-te à cidade" - responde-lhe a mente
"Então e se cada um se organizar em si mesmo e me deixasse inquieta como gosto de ser?" - pergunto eu mesma

Sabe quem parte em busca de si o quanto custa estar longe, mas também sabe quem o fez que a recompensa virá e o tamanho que pode vir a apresentar. Se a ti te custa, imagina aqueles que por ti esperam. As rotinas são as mesmas, o dia a dia não mudou, as pessoas que se cruzam têm o mesmo tom no olhar e na voz e tu aqui estás a ter o privilégio de te conhecer.
Está a funcionar? Estás a crescer? Talvez, quem sabe. Talvez, talvez, talvez... são as palavras que nestes dias encontras como resposta para todas as perguntas que te colocas e que te são colocadas.
Trabalhar cansa? Oh se cansa! Mas ajuda. Ajuda e concentra-te em ti e não no teu pensamento infinito de saudade.

Confuso o que escreves, tal como a tua mente se sente.
Confuso o que sentes, tal como o coração quando acelera por alguém.
Confuso o que queres, mas confia no teu corpo e deixa-te viver.

Sabe Deus, para aqueles que acreditam, o que sentes hoje que acordaste em busca de uma nova rotina.
Sabe tão bem voltares de casa e sentires-te amada e desejada. Por aqueles que tu amas e também por aqueles à qual a tua presença incomoda.
Sou viciada na companhia, na presença e odeio o silêncio. Porém, aqui, sentada no silêncio da madrugada, no céu onde trajetos de viagens se cruzam não procuro um avião ou uma fuga, procuro encontrar-me nesta cidade que outrora fará sempre parte de mim.
Para o bem e para o que seja menos bem, procuro reencontrar-me no conforto de uma cama emprestada, num quarto que sem janela para o exterior metaforiza o encontro virado para mim, para aqueles que me dão força para continuar.
Ora pois bem, são apenas uns kms a mais que o usual, mas sabe quem já saiu que o número não conta. A contagem, essa deixo-a de lado, para que a cada dia que passa, seja menos um dia que falta. Talvez um dia deseje ter tudo de novo, mas desta vez de braço dado.

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