domingo, 15 de janeiro de 2017

À "última"

Mais um dia de estudo, de intenso mover dos membro inferiores entre a cama, a cozinha e a mesa da sala. Estamos entre duas a três pessoas no mesmo espaço e energia que se gasta expressa-se num único orgão do corpo. Pelo menos penso eu, que não estudei nem anatomia, nem tenho qualquer conhecimento na área.
Como momento de puro descanso decidi alterar os movimentos e caminha até ao mar. Não faço ideia se estava frio, mas pela quantidade de indivíduos em pranchas e velas posso intuir que só mesmo de fato. Cá eu, fui de cachecol e luvas. Sem qualquer combinação de tons ou estilos caminho por uma cidade que me continua a ter como desconhecida.
Aqui, no bairro onde vivo, ninguém se parece conhecer, mas o cumprimento, seja que hora for, faz parte da boa educação. Assim como o olhar de estranheza quando se ouve o idioma português. É verdade, eles não nos compreendem, muitas vezes, nem nós a eles, mas aquele sentimento de vizinhança é bastante notório e alinhado no pensamento e no olhar de cada um.
Durante quase 5 meses vivi numa das melhores cidades da Europa que até hoje visitei. É verdade que acordo com o meu mapa do mundo só ainda conheci cerca de 4% do mundo e, por isso, qualquer lista que tente fazer será sempre pouco fundamentada e consistente.
Contudo, muitos são aqueles que aqui chegam pela primeira vez e se encantam com a cidade. A todos eles agradeço ainda o poder de inflacionar qualquer preço, mas também qual a culpa dos indivíduo quando o modelo da sociedade se baseia no consumo constante de algo que nem sempre é necessário?
Não digo que as recordações ou a pequena prenda para a prima da tia mais velha, que tem a nossa idade e que até gostava de viajar até algures, não seja importante, é de facto um modo de viajar, mas eu prefiro postais. Se um dia for eu a prima da tia mais velha escrevam-me tudo aquilo que sentiram. Na verdade, se pudesse, era incrível receber postais de estranhos, que contam histórias e transportam experiências que nenhum de nós seria capaz de transmitir. Afinal, somos seres únicos, nem que seja pela carga genética que transportamos. Porém, nisso, também não sou especialista.

Depois da divagação do pensamento, tal como no caminho pela praia, senti que não importa a cidade em que estamos. Não importa o quanto é valorizada uma cidade ou o âmbito profissional que esta nos proporciona.
A tal frase do "as pessoas são quem fazem o lugar" é neste momento a maior das verdades. Profissionalmente sinto que saio de Barcelona com a maior das bagagens. Excedo o número de malas e Kg que uma mala pode transportar no avião. A nível individual também, mas há esferas da vida que não crescem isoladas ou distanciadas da mesma categoria de esferas da família, dos amigos ou daquele que faz palpitar o nosso coração.
Qualquer cidade é incrível pelo modo como tu te entregas nela e a ela, mas quem faz dela um lugar incrível são aqueles que aquecem os nossos corações.
Por tudo isto, não vivi sozinha, não andei de metro sozinha e, muitas vezes, não dormi sozinha. A essas pessoas agradeço o coração, que vinha quente de casa e era aquecido de um modo mais virtual e de fidelidade, manter-se quente no número de dias que por aqui vivi.
A elas um brinde, porque afinal de contas uma experiência internacional não é apenas trabalho, é também louça suja, roupa por lavar e uma casa por limpar.

À nossa última semana pela cidade de Barcelona.



Sem comentários:

Enviar um comentário